Tuesday, April 12, 2011

Dois dias que mudaram Nobre

Poucos meses depois de dizer que nunca entraria na política, que comparou a um "saco de gatos" pouco recomendável a um homem sério, Fernando Nobre anunciou há dois dias que seria o cabeça de lista do PSD por Lisboa, e o Partido anunciou por sua vez que o médico e fundador da AMI seria o seu candidato ao segundo lugar da hierarquia do Estado, a presidência da Assembleia da República. Dois dias depois a página do Facebook onde Nobre tinha perto de 40.000 aderentes foi desactivada, face ao afluxo de protestos, e substituída por uma outra com comentários moderados, obviamente noutro tom e obviamente quase deserta.

A lição de tudo isto é como conduzido da forma errada mesmo um homem sério e com obra feita pode fazer num piscar de olhos todo o ciclo de expectativa, promessa, engano e mentira de que qualquer homem sério com obra feita acusa os políticos profissionais dos nossos dias, desmentindo as suas convicções com a mesma aparente certeza que jurou sobre elas no instante anterior.

Ao desligar a página do Facebook, Fernando Nobre revelou uma de duas coisas: ou que não sabe suportar críticas, e portanto não é um democrata, ou que está mal aconselhado, e aceita conselhos de gente menos recomendável sobre matérias que não domina, como parece ser o caso do Facebook. Qualquer dos cenários não é animador ou compatível com a imagem que o fundador da AMI justamente construiu, e a verdade é que Nobre parece ir conseguir destruir em dois dias toda a sua credibilidade política e parte da sua imagem de cidadão exemplar, e com isto qualquer possibilidade de pôr a sua enorme experiência profissional e de vida ao serviço do País. Esta é a parte de que ninguém fala, mas onde todos perdemos.

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