Pacheco Pereira perorava há pouco, no seu programa televisivo na SIC Notícias, e a propósito de um artigo que revela que um terço das crianças portuguesas estão nas redes sociais (indicador aliás ligeiramente abaixo da média Europeia), sobre a forma como a escola não ensina os jovens a usar a internet, da pesquisa de conteúdos à interacção das redes sociais, concluindo que o sistema de ensino está a perder uma oportunidade de transformar os novos meios de comunicação numa ferramenta útil para o crescimento intelectual dos jovens, que em vez disso as vão descobrir recorrendo apenas aos seus impulsos e aos exemplos dos colegas, não explorando convenientemente o seu potencial.
Tirando naturalmente alguma educação cívica que evite que as crianças caiam em armadilhas de adultos menos bem intencionados, que aliás Pacheco Pereira referiu, e mesmo essa deverá ser dada fundamentalmente em casa, a tese do comentador do PSD revela, acima de tudo, total incompreensão da forma como o Mundo mudou, que torna o seu conceito de "ensinar a usar a internet" na escola desprovido de sentido, pela mais evidente das razões: ao contrário do que sucedeu todo o restante conhecimento acumulado e transmitido pela humanidade ao longo da sua história, se mandássemos hoje os professores portugueses ensinarem aos jovens como usar as novas ferramentas de comunicação rapidamente constataríamos que na maioria dos casos, e se entendermos aqui que o professor é quem detém o conhecimento e o aluno quem o recebe, os papéis se inverteriam, e acabariam por ser as crianças a ensinar os adultos sobre como explorar a internet.
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